Mundo em Copa
 



Contos

Mundo em Copa

Nanci Takahashi Passoni


A viagem primeira para o outro lado do Atlântico quase beirou à eternidade frente à ansiedade que imperava, salva pela vizinha de poltrona, brasileira, que traduzia as mensagens da companhia aérea italiana.

Já não era o bastante a Itália ter ganho a Copa do Mundo, o ano de 2006 foi um marco na evolução do Inglês, graças ao intercâmbio decidido e antecipado por causa da perda do emprego e o desejo de continuar no mundo corporativo.

E qual a correlação da camisa amarela e verde com uma experiência inusitada assim?

Ao chegar à escola, a impressão é de que os conhecimentos do idioma teriam se perdido na viagem, na conexão em Milão ou na chegada a Malta.

A cor amarela ao longe foi como a bandeira a me chamar e alguém entender o idioma nativo. Passos apressados, quase uma corrida, e na proximidade:

- Olá, tudo bem? Você é brasileiro? - A esperança era dessa cor, nem importava se o Brasil havia sido eliminado da Copa do Mundo de Futebol há poucos dias, afinal, havia muitos países em contato por ali.

- Hello, how are you? - E diante dessa resposta, entendi que a nacionalidade era outra.

Simplificando, a pequena troca de palavras e a descoberta da Turquia presente na escolha da camisa do craque Ronaldinho Gaúcho.

A perda da seleção brasileira para a França na semifinal foi marco negativo e a decepção daquele momento só foi superada momentaneamente por causa da avaliação que iria ocorrer em dez minutos. Dá para comparar a uma partida de futebol? Apito do juiz? Vamos correr!

Havia cerca de vinte pessoas na sala e, respirando fundo, deu para compreender as instruções da avaliadora, iniciando o primeiro tempo da partida, com a presença de colegas de países diferentes e, entre os de maior número, a Coreia, Turquia, França, Japão, Espanha, e duas brasileiras, sendo eu uma delas. Descobri no intervalo.

A avaliação dos níveis de conhecimentos do Inglês é que orientaria a formação das classes e aprendizados com os correspondentes livros e horários de estudo.

A analogia com os treinamentos e preparo físico e psicológico dos jogadores de futebol de uma seleção, vindos de todos os cantos de um mesmo país era inerente àquela situação em que tantas linguagens, costumes, valores e culturas diferentes estavam reunidas num mesmo local com o objetivo único de aprender ou aperfeiçoar o idioma que possibilitaria a comunicação única.

O drible da bola era comum? Táticas e técnicas? Especialidade de cada participante, organizada pelo treinador, assim também os aprendizes da convivência momentânea que se reuniam em sala de aula e posteriormente nas atividades para a prática da teoria estudada.

Passados trinta dias, entre passeios, compartilhamentos, comunicações pela internet com o país de origem no cyber café que havia na escola, a amizade com a gaúcha que já estava lá há dois meses, ficou ainda mais forte, apesar do boicote quando o idioma português era usado. Seu apelido era "guide leader", integradora dos turcos de residência estudantil com moradores de casas de família, que se reuniam após as aulas.

O troféu seria de todos que treinaram, com dedicação e tempo ao passar as férias de um agosto europeu em convivência com diferentes povos, alcançando um objetivo comum e realizável.
Meu gol: grau desenvolvido.
Gol geral!!!


NANCI TAKAHASHI PASSONI nasceu em Guararapes, SP em 1958. É psicóloga formada pela UNESP, com pós-graduação em Administração de Recursos Humanos e diversos cursos de especialização em gente e gestão, área em que atuou por mais de trinta anos.
Atualmente, dedica-se ao estudo da Escrita Criativa.

 

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